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como objeto de sua preocupação científica, o método ou processo
                  científico e um objetivo elevado - é inegável que a Geografia os tem
                  reunidos:  ela  é  fenomenológica  -  se  ocupa  do  conjunto  dos
                  fenômenos que se relacionam com o planeta Terra, tanto os físicos,
                  quanto os humanos; ela é metodológica - se encarrega, metódica e
                  racionalmente,  de  colher  e  levantar  dados,  classificá-los,  tratá-los
                  de vários modos, ordená-los em  tipologias e categorias diversas,
                  formula  hipóteses,  verifica  princípios,  realiza  diagnósticos  e
                  prognoticos;  ela  tem  um  objetivo  elevado,  pois  seu  caráter
                  teleológico tem por fim último, na afirmação de Milton Santos et al
                  (cf. supra) pensar a um só tempo, os objetos (a materialidade) e as
                  ações  (a  sociedade)...  Assim,  tomando-se  como  corolário  o  que
                  comumente  os  especialistas  aplicam  ao  termo  ciência  -  processo
                  organizado  de  adquirir  conhecimentos  -,  a  Geografia  é  mais  que
                  apenas uma disciplina.
                             Sempre  houve  preocupações  por  parte  das  diferentes
                  comentes  de  pensamento  em  propor  -  através  de  definições  e
                  conceitos  a  respeito  da  Geografia  -  diferentes  metodologias  e
                  diferentes paradigmas e veios epistemológicos. Ora, como se tudo
                  isto não tivesse levado ao lugar desejado,  repensa-se, hoje,  mais
                  uma  vez,  o  conceito,  o  destino,  o  papel  da  Geografia  no  mundo
                  atual. Ao que parece, tudo isto - conceitos, objetivos, serventias... -,
                  como  que  um  feixe  de  luz  no  "universo  curvo-preconizado  pela
                  teoria  da  relatividade  de  Albert  Einstein,  quer  voltar  às  origens.
                  Como afirmam Milton Santos e seus colegas (op. cit., p. 5), “não se
                  trata de impor uma definição única. O conteúdo de ema geografia
                  compreensiva pode certamente responder a uma entre várias linhas
                  teóricas  segundo  a  escolha  do  autor.  Mas  a  partir  daí,  é
                  indispensável dispor de um conjunto coerente de proposições onde
                  todos os elementos em jogo sejam considerados em sua integração
                  e em seu dinamismo.”
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