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alargar  isso  em  termos  teóricos,  em  termos  de  conhecimento  trazido  do
            campo de cada um nas suas áreas; essa diversidade de experiências, tenho
            certeza, vai trazer à  tona uma série de considerações altamente  úteis para
            essa discussão.
                       Estamos na região central desse país de tamanho continental e uma
            região  extremamente  diversificada  ecologicamente.  A  equipe  de  Goiás
            juntamente com a equipe do Instituto Anchietano de Pesquisas é UNISINOS
            tem aproveitado sobremaneira as suas possibilidades de ver relações entre
            homem  e  ambiente  e  esses significados  em  termos  continentais.  Acho  que
            nada mais justo do que começarmos então a nossa discussão a partir dessa
            região  central,  cujas  variações  vão  nos  conduzir  naturalmente  às  outras
            regiões do país.
                       Antes de passar a palavra para o pessoal de Goiás, gostaria de dizer
            uma coisa pessoalmente: em 1977 eu escrevi um artigo, que acabou de ser
            publicado em Belo Horizonte. André me mostrou uma cópia do livro onde este
            artigo está publicado. Quando olhei esse artigo, para falar a verdade, fiquei
            morrendo  de  vergonha,  porque  entre  1977,  quando  escrevi  o  artigo,
            conclamando maior atenção por parte de arqueólogos brasileiros para os para
            os  problemas  de  ecologia,  para  os  problemas  de  homem  inserido  no
            ambiente, para os problemas de arqueologia experimental, para os problemas
            de etno-arqueologia, é agora que sai publicado, por toda parte do Brasil os
            arqueólogos estão fazendo justamente isso.

            II. Apresentações por Áreas

            Goiás. Pedro Ignácio Schmitz
                       Pedem-me que fale das adaptações ecológicas e das mudanças que
            se processaram em Goiás é que nós podemos controlar.
                       Na  região  de  Serranópolis,  onde  trabalhamos  mais,  temos  duas
            fases  bastante  definidas  e  bastante  controladas  cronologicamente:  A  fase
            Paranaíba  é  a  fase  Serranópolis.  A  fase  Paranaíba,  que  chamamos
            “páleoíndio”  (sem  compromisso),  de  um  caçador  não  especializado,  mas
            generalizado que vai prender todo tipo de animal que encontrar pela frente,

            menos  moluscos.  Ele  vai  comer  pequenas  lagartixas,  lagartos  grandes,
            tartarugas, pequenos peixes de meio quilo a um quarto de quilo, aves é muito
            escassamente  um  veado  ou  uma  ema.  Além  disso  faz  a  coleta  de  ovos,
            especialmente de ema, de sementes é de outros produtos naturais. Existem
            alguns moluscos já nesses níveis, que vão de 10.750 a 9.000 anos AP, de
            modo  que  se  percebe  que  existem,  mas  acredito  que  nesses  níveis  temos
            menos  de uma dúzia de exemplares.  Quando passamos o limite dos 9.000
            anos, e de um período úmido para um período mais seco, de todos aqueles
            ossos  de  caça  ficam  muito  poucos  e  começam  a  aparecer  muito  mais
            sementes, além de grande quantidade de moluscos de água doce é de terra:
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