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A  estratigrafia  esta  boa;  não  há  duvida  porque  a  cerâmica,
               embora não seja muito abundante, aparece em todos os 5 cortes até em
               baixo. Aparecem 2 cacos ou 3 cacos em cada nível, com exceção dos
               níveis  mais  superficiais,  mas  aparece  em  5  cortes  espalhados.  As
               camadas  são  razoavelmente  conservadas  e  controláveis  e  não  posso
               supor que, por acaso, os ratos tenham levado 2 cacos para cada um
               dos níveis até lá embaixo. O aparecimento do cariape gráfico cedo no
               planalto brasileiro nos o briga a revisar nossos indicadores de tradição e
               cronologia.
                           Na fronteira entre as grandes tradições ceramistas por um lado

               a Centro/Nordeste (Aratu/Sapucaí), não mandioqueira e, por outro lado,
               a Amazônica (Uru), mandioqueira, o antiplástico de cariapé de tradição
               amazônica  parecia  um  excelente  indicador cronológico na  medida  em

               que substitui paulatinamente o antiplástico mineral da primeira tradição.
               Diante desses novos dados há necessidade de usar esse indicador com
               muito cuidado e há necessidade de revisar a noção de que o cariape
               seja amazônico; as plantas de que e fabricado parecem abundantes no
               cerrado  e  o  seu  uso  ali  aparentemente  muito  antigo  ao  lado  de
               antiplástico mineral, como indicam as datas de Ondemar e as nossas.

               Ondemar F. Dias:

                           Para sua tranquilidade devo dizer que esse material temperado
               com  cariape  e  coisa  muito  rara  e  que  ele  esta  associado  a
               sepultamento, que pode ter sido revolvido. O cariape de que nos temos
               certeza, está data do bem mais tarde, no século XII.


               Pedro Ignácío Schmitz:
                           Penso  que  chegamos  ao  fim.  Tentamos  ressaltar  que  no
               Centro e Nordeste existe uma área bem ampla de cerrado e caatinga,
               caracterizada  por  uma  tradição  agrícola,  marcada  pela  cerâmica  de
               grandes  proporções,  conhecida  até  aqui  sob  os  nomes  de  Aratu  e
               Sapucai e que se distingue de todas as outras tradições cerâmicas do

               pais: a cerâmica se caracteriza por seu antiplástico e seu acabamento
               de  superfície,  que  podem  apresentar  diferenças  locais:  ao  lado  de
               antiplástico mineral pode aparecer caco moído ou cariape; a superfície,
               predominantemente  simples,  pode  apresentar  banho  vermelho  ou
               laranja  e  eventualmente  algumas  tiras  de  corrugado  na  borda.  As
               aldeias  são  grandes  e  o  assentamento  em  campo  aberto  e  marcado.
               Também e típico da tradição o se pultamento em urnas. A ideia de que
               talvez  se  entenda  melhor  o  todo  acentuando  os  elementos  comuns  e
               não os diferentes, parece justificar a unificação do nome.







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