Page 23 - OS-CULTIVADORES-DO-PLANALTO-E-DO-LITORAL
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se vão introduzindo algumas plantas, como aconteceu em outras áreas
               de cultivo. E em termos bem crassos poderiam ter sido semelhantes aos
               grupos da tradição Una, Itararé e Taquara, onde parece predominar a
               coleta e haver uma pequena suplementação agrícola. Este esquema de
               um coletor que suplementa sua coleta e a sua caça com um pouco de
               agricultura  com  certeza  não  existe  mais  na  tradição  Aratu,  um  grupo
               agricultor que faz da planta cultivada o seu sustento básico.
                           Se a gente for procurar os sítios mais antigos dessa  tradição
               Aratu/Sapucaí talvez não os encontre nas áreas de mata fechada, mas
               nas áreas de cerrado ou caatinga, onde o grupo ainda seria coletor, mas
               onde existiriam pequenas áreas aptas para fazer algum tipo de cultivo.
               À medida em que ele dominasse mais a sua técnica agricola,  poderia
               estabelecer-se  no  mato,  sem  maiores  prejuízos,  porque  já  estaria
               dominando um sistema agrícola suficiente para alimentá-lo todo o ano.

               Ondemar F. Dias:
                           Os  dados  etno-histéricos  de  diversos  autores,  que  pude
               levantar para a região do São Francisco Mineiro, referentes à invasão
               pelos  bandeirantes  e  desbravadores  do  interior,  dizem  que  esses
               grupos subiam o São Francisco e expulsavam antigos moradores das
               cavernas  locais  e  que  esse  grupo  era  portador  de  milho:  seria  o  que
               eles  chamavam  locamente  de  Catagua,  que  foram  o  dia  dos  e
               aprisionados  pelos  bandeirantes.  Evidentemente  são  dados  muito
               recentes mas que podem, na verdade, refletir uma situação tradicional.

               Pedro Ignácio Schmitz:
                           As  nossas  datas  mais  antigas,  para  a  tradição  Aratu,  estão
               situadas em vales estreitos, onde o cerrado predomina sobre o mato, e
               provavelmente os sítios de áreas de mata mais densa devem ter datas
               mais recentes, alem de aldeias maiores. É mera especulação a respeito
               de  como  se  teria  desenvolvido  o  sistema  agrícola,  que  nos  não
               podemos  captar  plenamente  só  com  a  cerâmica.  Quando  a  cerâmica
               aparece,  esse sistema  já  teria talvez  2.000  anos  de cultivos, sendo a

               cerâmica  suficiente  para  captarmos  apenas  o  que  já  está  definitivo  e
               pronto, que seriam grupos agrícolas efetivos. Se temos milho a 4.000 ou
               mais anos atrás, temos que pensar como foi que, aos poucos, nesses
               contextos  pré-cerâmicos  a  agricultura  se  torna  lentamente  efetiva  até
               desembocar em duas grandes tradições  ceramistas, uma mais para o
               sul  (Una,  Itararé,  Taquara)  e  outra  no  Centro  e  Nordeste  (Aratu,
               Sapucaí).

               Tom O. Miller:








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