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O enfoque tem sido colocado até agora no interior de território.
Devemos lembrar, como Ondemar estava citando para o Rio de Janeiro,
que essas mesmas tradições eram encontradas também no litoral.
Depois da Chegada dos grupos Tupi no litoral, os habitantes antigos se
refugiaram na serra, onde foram encontrados pelos portugueses, sendo
esses vários pequenos grupos e ilhotas linguisticas conhecidos como
Tapuia. Observando a distribuição e retirando as incursões Tupiguarani,
estamos vendo a distribuição do tronco linguistico Ge, no qual temos de
incluir os Bororo. Nessa parte sulina, a agricultura foi dada como pouco
desenvolvida: gostaria de fazer uma pequena ressalva: a agricultura é
mais difícil em áreas de mato do que em regiões abertas; não e questão
de menos desenvolvida, mas simplesmente de ter de lutar contra uma
dificuldade ambiental que os outros não tinham.
Donde vera essa agricultura? Evidentemente ela foi mais
desenvolvida numa região mais propicia. Onde esse complexo de
agricultura semeada foi encontrado primeiro foi no litoral-peruano. Como
e que nos vamos chegar do Peru até aqui? Evidentemente através dos
contrafortes dos Andes. Não podemos fiar-nos na cerâmica porque a
cerâmica é uma coisa mais recente que a agricultura. A cerâmica parda,
que se encontra na região de que estamos falando e que temos também
no Rio Grande do Norte, parece pertencer a um mesmo contexto. Se vai
pensar numa continuidade de tipos de meio ambiente, como meio
dispersor, temos que olhar para os contrafortes dos Andes, na Bolívia, e
pensar no Chaco como possível rota. Acontece que essa cerâmica,
mais ao sul, em vez de parda alisada, pode ser preta polida, como é a
fabricada pelos Kaingáng e os Bororo, se consultamos as fontes
históricas, vão nos levar até o Chaco. Pensei que deveria entrar com
essa ressalva de que temos realmente duas tradições basicas, que
acredito, tem divisa justamente entre Ge setentrional e Ge meridional.
André Prous:
Vou sair um pouco da cerâmica, porque tenho um problema
que não sei como resolver. No esquema proposto por Schmitz, teríamos
uma domesticação paulatina de plantas locais. Acontece que, se
realmente os achados de Ondemar e os meus se confirmarem, estamos
diante de uma planta importada, porque acho que ninguém esta
imaginando que o milho tenha origem brasileira.
Ignácio Schmitz:
Não estava tratando da domesticação de plantas locais, mas
falando de desenvolvimento agrícola local com plantas que podem ser
importadas.
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