Page 24 - OS-CULTIVADORES-DO-PLANALTO-E-DO-LITORAL
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O enfoque tem sido colocado até agora no interior de território.
               Devemos lembrar, como Ondemar estava citando para o Rio de Janeiro,
               que  essas  mesmas  tradições  eram  encontradas  também  no  litoral.
               Depois da Chegada dos grupos Tupi no litoral, os habitantes antigos se
               refugiaram na serra, onde foram encontrados pelos portugueses, sendo

               esses  vários  pequenos  grupos  e  ilhotas linguisticas  conhecidos  como
               Tapuia. Observando a distribuição e retirando as incursões Tupiguarani,
               estamos vendo a distribuição do tronco linguistico Ge, no qual temos de
               incluir os Bororo. Nessa parte sulina, a agricultura foi dada como pouco
               desenvolvida: gostaria de fazer uma pequena ressalva: a agricultura é
               mais difícil em áreas de mato do que em regiões abertas; não e questão
               de menos desenvolvida, mas simplesmente de ter de lutar contra uma
               dificuldade ambiental que os outros não tinham.
                           Donde  vera  essa  agricultura?  Evidentemente  ela  foi  mais
               desenvolvida  numa  região  mais  propicia.  Onde  esse  complexo  de
               agricultura semeada foi encontrado primeiro foi no litoral-peruano. Como
               e que nos vamos chegar do Peru até aqui? Evidentemente através dos
               contrafortes  dos  Andes.  Não  podemos  fiar-nos  na  cerâmica  porque  a
               cerâmica é uma coisa mais recente que a agricultura. A cerâmica parda,
               que se encontra na região de que estamos falando e que temos também
               no Rio Grande do Norte, parece pertencer a um mesmo contexto. Se vai
               pensar  numa  continuidade  de  tipos  de  meio  ambiente,  como  meio
               dispersor, temos que olhar para os contrafortes dos Andes, na Bolívia, e
               pensar  no  Chaco  como  possível  rota.  Acontece  que  essa  cerâmica,
               mais ao sul, em vez de parda alisada, pode ser preta polida, como é a
               fabricada  pelos  Kaingáng  e  os  Bororo,  se  consultamos  as  fontes
               históricas, vão nos levar  até o Chaco. Pensei que deveria entrar com
               essa  ressalva  de  que  temos  realmente  duas  tradições  basicas,  que
               acredito, tem divisa justamente entre Ge setentrional e Ge meridional.

               André Prous:
                           Vou  sair  um  pouco  da  cerâmica,  porque  tenho  um  problema
               que não sei como resolver. No esquema proposto por Schmitz, teríamos

               uma  domesticação  paulatina  de  plantas  locais.  Acontece  que,  se
               realmente os achados de Ondemar e os meus se confirmarem, estamos
               diante  de  uma  planta  importada,  porque  acho  que  ninguém  esta
               imaginando que o milho tenha origem brasileira.

               Ignácio Schmitz:
                           Não estava tratando da domesticação de plantas locais, mas
               falando de desenvolvimento agrícola local com plantas que podem ser
               importadas.







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