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Não vou responder a este “procura-se”; simplesmente oferecer
uma informação ao Padre Schmitz, que está levantando este problema:
este tipo de coador ainda está sendo fabricado no litoral de Iguape e
Cananeia, por índios muito aculturados, em geral Guarani, o compram
mas não sei para que uso. Eles o vendem para São Paulo; chamam-nos
de “cuscuzeiros”. A parte perfurada não e uma base, mas uma chapa
intermediária (ver figura).
Tom O. Miller:
Encontrei fragmentos num sítio neo-brasileiro em Corumbataí,
no Estado de São Paulo, mas presumi que era para macarrão;
desconhecia a existência de exemplares pré-históricos.
André Prous:
Eu também. Tiburtius fala na fabricação desse tipo de
vasilhame no Paraná.
Ondemar F. Dias:
Na tradição neo-brasileira também aparece bastante.
Pedro Ignácio Schmitz:
Se não há mais informações para “coadores” e formas
conjugadas gostaria de estender a conversa para a tradição Una. A
tradição Aratu e Sapucaí tem vasilhames grandes e aldeias grandes; a
tradição Una tem aldeias pequenas nos sítios de campo aberto, mas
geralmente ela aparece em abrigos.
Ondemar F. Dias:
Quando ela ocorre em campo aberto são aldeias bem menores
que as da Sapucaí.
Pedro Ignácio Schmitz:
Em Goiás temos esta cerâmica somente em abrigos, nunca em
campo aberto.
Gostaria de ampliar novamente a problemática. Anteontem
estivemos conversando a respeito da formação da agricultura no
planalto brasileiro. Não sei quem levantou a ideia, que já vem vindo de
outros tempos, de que os Ge, quer dizer os grupos do cerrado e
caatinga do planalto, teriam formado um tipo de agricultura ou um
sistema agrícola próprio, diferente do desenvolvido na Amazônia. Se
refletirmos um pouco mais e nos locomovermos para o passado, talvez
possamos perceber que ao menos um desses sistemas desenvolvidos
por grupos planaltinos em áreas de cerrado e caatinga, utilizando a
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