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Na  Terminologia  Brasileira  para  a  Cerâmica  chamamos  a
               brunidura de polido. Foi o termo que achamos. Na época da confecção
               do manual predominou a tendencia do pessoal do norte, especialmente
               de  Mario  F.  Simões.  Na  Amazônia  esse  polimento  bem  feito  não  é
               normalmente  considerado  decoração,  mas  técnica  de  tratamento  da
               superfície.  Por  isso  consideramos  que  brunidura  podia  ser  ou  não
               decoração. Em nossa área, onde ela aparece intencionalmente aplicada
               em  numero  não  muito  grande  de  cacos,  nossa  equipe  sempre  a
               considerou  como  uma  técnica  decorativa;  inclusive  o  polido-estriado,
               que  alguns  poucos  consideram  polimento,  nós  consideramos
               decoração, porque com a aplicação do seixo na peça seca, ela deixa
               aquelas estrias bem amplas e abertas e com um brilho, que não chega
               a ser exatamente aquele brilho, produzido quando essas superfícies são
               totalmente alisadas com seixo ou com uma coisa parecida. Realmente
               essa questão de coloração negra que encontramos também em toda a
               tradição Una, aparentemente é um produto intencional.
                           Outra  questão,  que  já  levantei  há  muitos  anos  a  trás  numa

               publicação,  é  se  essa  coloraçao  negra  seria sempre  proveniente  da
               imersão  em  elemento  orgânico  ou  se  seria  uma  queima  redutora
               proposital. Em 1963 fiz um estágio no Instituto Nacional de Tecnologia e
               tentamos todas as formas possíveis de introduzir o carbono na pasta.
               Esta  decoração  é  uma  forma  de  introduzir  o  carbono  na  peça.  Mas
               quando se retira a peça para mergulhar nos restos orgânicos, há uma
                                                                                                 o
               queda  violenta  na  temperatura;  se  ainda  estiver  acima  de  400 C  não
               mantém  carbono;  o  carbono,  fisicamente,  desaparece  nessa
               temperatura. É o problema que tínhamos e que muita gente não aceitou.
               É bom voce refazer e retomar esse tema: para ter carbono na peça tem
               que  ser  uma  queima  intencional,  para  que  a  peça  fique  escura.  Às
               pessoas  pensam  geralmente  que  e  o  contrario.  É  muito  mais  fácil
               produzir uma peça clara pelo contato com o oxigênio, do que fazer uma
               peça  negra.  Comumente  se  fala  que  poucos  índios  usavam  o  forno
               fechado;  a  não  utilização  do  forno  fechado  pressupõe  que  a  peça
               escura  queimou  e  secou  protegida  contra  o  contato  com  o  oxigênio,

               coberta,  seja  lá  com  terra,  com  estrume  ou  com  qualquer  coisa.  Nos
               sempre  acreditamos  que  era  viavel  dentro  da  tecnologia  americana
               considerar o preto como uma técnica intencional e não um sinonimo de
               queima  não  controlada,  como  meus  companheiros  do  PRONAPA
               pensavam. Sempre achei que é um sinonimo de queima controlada e
               sempre  procuro  defender  essa  opinião,  embora  não  seja  a  opinião
               prevalescente entre os nossos colegas do Brasil.

               Tom O. Miller:








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