Page 28 - OS-CULTIVADORES-DO-PLANALTO-E-DO-LITORAL
P. 28

Tom O. Miller:
                           Não há nenhuma evidência etnográfica da presença de tomate
               nas terras baixas da America do Sul, mas sempre da surpresas.
                           Ainda  uma  observação  ao  comentário  de  Ondemar  sobre
               formas  primitivas  de  milho,  precedendo  formas  mais  desenvolvidas;  e
               sempre tentador pensar, em termos de modelo difusionista, que a forma
               mais arcaica encontra-se na periferia, porque chegou lá antes da forma
               desenvolvida.



               Ondemar F.Dias:
                           Nos  temos  as  diversas  formas,  não  somente  as  formas
               arcaicas.  Há  um  conjunto  de  formas  arcaicas  e  formas  plenamente
               desenvolvidas,  inclusive  de  linhas  e  modelos  absolutamente  proprios.
               Fazendo  estas comunicações,  estou  adiantando  as  publicações.  Esse
               tomatinho nativo, de que fala Andre, e comuníssimo no litoral do Estado
               do Rio; ele acompanha a floresta. Inclusive numa área como a nossa
               sede,  o  Capão  do  Bispo,  depois  de  muitas  capinas,  ele  nasce
               naturalmente. Em todo o interior do Estado do Rio este tomate rasteiro e
               miudo é absolutamente comum em regiões em que nunca houve cultivo
               europeu, em plena região de floresta.

               Tom O. Miller:
                           Existe algum estudo botânico desse tomatinho?


               Ondemar F. Dias:
                           Não  sei  nem  sequer  se  encontramos  semente  desse
               tomatinho.  So  estou  complementando  o  que  André  falou:  seria
               interessante uma pesquisa.


               Tom O. Miller:
                           Acho que esse seria o momento de apontar os dados do Rio
               Grande do Norte, não por causa de plantas domesticadas, para as quais
               ainda não procuramos in formações em grutas secas, mas porque está
               ficando bastante aparente nos trabalhos do baixo-Açu que temos uma
               situação de plena continuidade, onde a tecnologia lítica não muda, e só
               a  cerâmica  é  acrescentada.  Nos  podemos  ter  um  corte  de  60  cm  de
               profundidade e nos 40cm superiores ter cacos de cerâmica. Aos 60 cm
               de profundidade mos essa cascalheira que deve representar o limite do
               Pleistoceno de Ab'Sáber. Não estou vendo como isso se possa explicar:






                                                                                                       27
   23   24   25   26   27   28   29   30   31   32   33